Estava muito apertado. Após várias cervejas, não tinha condições de esperar um mictório vagar. Entrei na primeira cabine. Ao começar a mijar, vi uma luz muito intensa dentro da privada, fiquei cego por alguns segundos, escutei um estrondo, senti um frio na barriga como se estivesse caindo.
Mergulhei num caudaloso rio dourado, havia sido sugado pelo vaso sanitário. Senti uma forte pancada e meu corpo foi arremessado contra o chão duro, na margem do rio de urina. Incrédulo, reparei que estava em um local estranho. O céu era colorido, o ar tinha cheiro de Groselha, e as pessoas andavam Peladas. O som de vuvuzelas e de músicos de rua bolivianos era ensurdecedor, pareciam as trombetas do Apocalipse.
Quando percebi, o cantor Belchior nadava em minha direção.
- Belchior? O que você tá fazendo aqui, cara?
- Brasileiro? Não acredito.
- Meu irmão, tão procurando você lá no Brasil. Saiu até matéria no Fantástico.
- Não sabia que estava com esta bola toda.
- E o Guilherme Arantes tá furando teu olho lá na outra dimensão.
- Meu amigo, Aqui é bem melhor do que naquela Dimensãozinha de Merda. Tenho show marcado até o final do ano. Vamos lá no boteco tomar um melzinho que eu te conto.
- Mas eu estou confuso, quero voltar!
O cantor então me dá uma sacodida. Estou de volta ao banheiro, mijando como antes, e percebo, em um adesivo na parede, uma foto do Belchior com um balãozinho:
- Estou em http://amijada.blogspot.com/
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