terça-feira, 1 de setembro de 2009

Pelo direito de mijar em pé

do blog do Xico Sá, em 16 de agosto.

O MACHO E A MODINHA DO XIXI SENTADO


Ih, rapaz, por essa a gente não esperava tão cedo. Mas vem da Suécia, pátria de todos os clichês do sexo loiro, uma lufada revolucionária capaz de virar de cabeça para baixo as nossas tristes existências. As gazelas daquele país passaram a obrigar os cavalheiros a mijar sentados. Postura que nos impõe um distanciamento brechtiano em relação ao nosso confidente-mor: agora escondido, mergulhado no vaso, encoberto pela barriga, ele sente que perdeu o arrastado e cansativo debate sobre a pontaria. Ele abaixa a cabeça, num quase mergulho suicida, existencialista perdido diante do trunfo da nova moral burguesa do Politicamente Correto.
Que fazer?
Saltamos, leninistas, abestalhados a buscar uma solução para essa onda que deve varrer o mundo. Aqui em SP, a cidade proibidona, o alcaide não demora por implantar a tal modinha.
Claro que se trata de mais uma novidade do chamado projeto internacional para tentar forjar o dito prospecto do macho sensível. Ora, outro dia admitíamos, no máximo, uma camadazinha de minâncora sobre uma espinha trabalhosa. Hoje vejo íntegros camaradas se lambuzarem de Lancôme sem a menor cerimônia, com a maior cara lavada. Que fazer?, repetimos, estrategicamente leninistas.
Daqui a pouco não restará um só mictório na cidade. Em Estocolmo, apontam entusiastas da nova mania, não é mais possível mijar em pé em alguns bares e restaurantes. O fim do mundo. Tentam acabar com aquela cena clássica de um magote de marmanjos, lado a lado, inveja do pênis do vizinho ou não, tirando água do joelho.
Claro que fizemos por onde ser derrotados nessa peleja. Foram décadas e mais décadas de reclamações. Erramos. Não levamos a sério os quesitos pontaria, tampa levantada etc. Zombamos da boa vontade daquelas que lustram o nosso chão de estrelas. Deu no que deu. Agora, compadres, só nos restarão o Firestone na saída dos bares, a cerca do vizinho, um baobá qualquer a caminho de casa ou o asfalto propriamente dito. (Como este é um espaço proustiano, recordo-me de quando mijávamos na areia quente do sertão, tentando escrever os nossos nomes no chão com vigorosos jatos-mirins.)
Não adianta estrebuchar, pouco importa o direito ao juris esperneandi. O certo é que querem nos civilizar a qualquer custo... É a conspiração internacional da qual tratei linhas atrás. Querem nos androgenar, como diria o lírico sambista Luis Ayrão. “Esse camarada se androginou/ a moça deu bola a ele/ e ele nem ligou”.
Só nos resta aceitar a derrota histórica. Mijar sentado, tudo bem, mas pelo amor de Deus, sem aquele barulhinho erótico de que só uma dama é capaz. Devagar, rapaziada guerreira.

aMijada também acha.

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